de offshores e trusts, como no

M P F
INISTÉRIO ÚBLICO EDERAL
indicação de diretores de empresas estatais por partidos políticos, isso
faz parte de uma rotina brasileira há muito tempo, propósito era esse
mesmo, era de desviar recursos. É triste, mas a denúncia demonstra como
isso funcionava de uma maneira muito cabal, penosa e dolorosa. Sem deixar
de registrar o sobressalto de que provavelmente isso não aconteceu só na
Petrobras. Portanto, uma sensação muito ruim de que jogo era jogado de
uma forma muito feia”.16
Tais vantage ***** Para ver o conteúdo completo, assine um plano. ns ilícitas eram essencialmente econômicas e foram
repassadas mediante a utilização de diversos expedientes de lavagem de dinheiro,
desde os mais simples como a entrega de dinheiro em espécie em maletas até as mais
sofisticadas como a utilização de contas em nome de offshores e trusts, como no
presente caso, e até mesmo por meio de doações eleitorais formalmente registradas,
mas que tinham origem desvios em contratos da PETROBRAS.
Tal esquema perdurou por muitos anos e existem diversas provas
que desde 2007 até 2012 a Diretoria Internacional da PETROBRAS foi “loteada” pelo
Governo Federal em favor do PMDB, que durante este período teve como uma das
figuras mais proeminentes o acusado EDUARDO CUNHA.
Neste sentido, o ex-Gerente da PETROBRAS e colaborador
processual EDUARDO MUSA relatou em seu termo de colaboração n° 3 (evento 2,
INQ3, fls. 592/596):
“QUE JOÃO AUGUSTO HENRIQUES era um lobista ligado ao PMDB e
que mantinha influência na área internacional e de engenharia da
PETROBRAS e possivelmente também na área de Exploração e Produção;
QUE JOÃO AUGUSTO HENRIQUES mantinha influência em relação a
SOCRATES JOSÉ, assistente de ZELADA indicado por HENRIQUES, em
JOSE CARLOS AMIGO, gerente área internacional da PETROBRAS para a
AMERICA LATINA e no próprio JORGE LUIZ ZELADA, que foi indicado
por JOÃO AUGUSTO HENRIQUES; QUE JOÃO AUGUSTO
HENRIQUES disse ao declarante que conseguiu emplacar JORGE LUIZ
ZELADA para diretor internacional da PETROBRAS com o apoio do
PMDB de Minas Gerais, mas quem dava palavra final era o deputado
federal EDUARDO CUNHA do PMDB/RJ”. (grifos nossos)
O colaborador EDUARDO MUSA relatou, ainda, em seu termo
de colaboração n° 6 (evento 2, INQ3, fls. 597/601), que JOÃO HENRIQUES era
operador financeiro próprio do PMDB:
“Que o depoente acredita que por volta de outubro de 2008,
aproximadamente, após enviar e-mail para NUNO CORREIRA,
representante da PRIDE INTERNATIONAL, com cópia para KEVIN
ROBERT (vice-presidente da PRIDE), HAMILTON PADILHA, RICARDO
ABI RAMIA DA SILVA e MARIO LUIS DE OLIVIERA, foi procurado por
HAMYLTON PADILHA, dizendo que havia um esquema montado para que
a VANTAGE obtivesse o contrato, e que esse esquema estava sendo
organizado por JOÃO HENRIQUES; QUE HAMYLTON ficaria
encarregado do pagamento de vantagens ao depoente, e que JOÃO
AUGUSTO HENRIQUES ficaria encarregado do pagamento de
vantagem indevida pelo apoio recebido do PMDB”
16 Extrato da ata de julgamento, constante no evento 1, DECSTJSTF, do presente processo. Grifos nossos.
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